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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Por que a única maneira de conter uma PM assassina foi proibi-la de “prestar socorro”

O governo de São Paulo espera a Campanha Eleitoral começar...

Aproveitamos novamente do DCM e reproduzimos aqui no Botuka a matéria com o título acima sobre a PM do estado de São Paulo.
Agora o PSDB, através do governador Geraldo Alckimin só espera a Campanha eleitoral chegar para começar a divulgar números e dados informativos de que as mortes diminuíram porque o governo de SP desenvolveu uma política austera de combate ao crime; que houve investimentos na formação, capacitação, treinamento, salário e bem estar e blábláblá-blábláblá.
Já vimos esse filme! Esperamos que o povo paulista não acredite, novamente, nessa cantilena do PSDB.
É só esperar pra ver. ESTAMOS DE OLHO ABERTO!
pmesp
A polícia de São Paulo está matando menos porque foi proibida de prestar socorro. Ou seja, o que a polícia prestava não era isso. 
Um ano depois da resolução recomendando que feridos nas ruas tivessem atendimento especializado, as mortes causadas por PMs caíram 39%, o nível mais baixo desde 1999. Foram 335 cadáveres em confronto em 2013, contra 546 em 2012.
A justificativa oficial para a implantação da medida era a de garantir que os feridos tivessem ajuda profissional. “O policial tem formação para realizar os primeiros socorros, mas ele não tem todos os materiais e equipamentos”, disse o secretário de segurança pública Fernando Grella Vieira.
Nos primeiros meses da resolução, diversos policiais alegaram que cometeriam crime de omissão de socorro. Houve algumas ocorrências. O sargento Fernando explicou ao DCM como funcionava: “Às vezes contamos com a ajuda do médico. Tem um hospital na Lapa em que um médico perguntava: “polícia ou bandido?” “Polícia!” – ele atendia rapidinho. Se fosse bandido, ele demorava, mexia no pneu do carro e em outras coisas sujas e verificava a profundidade do disparo com o dedo. Se o cara morria de infecção, paciência. Afinal, ele teve assistência. Esse médico fazia uma seleção natural”.
Remover a pessoa era um jeito, também, de atrapalhar a perícia, já que altera a cena. O professor de Direito Penal José Nabuco Filho escreveu no DCM: “Por isso a ‘coincidência’ de morrerem quase todos na porta do hospital. Os policiais precisam dizer que ele estava vivo quando saiu do local. Daí a saída padrão: os policiais agem como se ele houvesse morrido no caminho.”
O novo relatório da ONG Human Rights Watch diz que a “tortura é um problema crônico em delegacias e centros de detenção” e as “autoridades responsáveis pela aplicação da lei que cometem abusos contra presos e detentos raramente são levadas à Justiça”.
É uma ironia que o fator responsável pela diminuição dos óbitos provocados por PMs seja uma determinação de que eles não tentem “salvar a vida” de ninguém. Ao coibir essas fraudes, o efeito foi criar uma corporação menos assassina.
Ao menos nas estatísticas, é um avanço. O espírito, porém, continua o mesmo: “Hoje, vivemos uma época de emburrecimento. Tem três ou quatro psicólogos mandando desenhar árvore, gato…  Aquela pessoa que está pintando uma vaca [durante o acompanhamento psicológico] tem 30 anos de profissão”, diz o sargento Fernando. “Quando o policial puxa o gatilho, ele não puxa sozinho.”
Postado em 21 Jan 2014
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

                                                                                                                                                                     
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